domingo, 25 de março de 2012

Cambicho

Este é um poema muito especial, pois, além de ser o meu primeiro "longa metragem" (com mais de cinco estrofes), é uma homenagem às tradições do meu querido Rio Grande do Sul. Esse apresenta diversas palavras gaudérias (incluindo o título) e soa melhor quando lido com aquele sotaque que vem lá dos Pampas!


Cambicho
Moisés Armani Ramírez

De vestido, sapatilha e renda
Foi lá na minha querência
Que eu encontrei a minha prenda
Com toda a sua inocência

Ela parecia um pouco acuada
Pois até seu custo levou
Não entendi absolutamente nada
Quando o meu chimarrão recusou

Mas como todo bom Gaúcho
Não desisti da peleia
Amanhã contigo me pexo
Lá perto da sinaleira

E lá estava ela, bem assim:
Linda e deslumbrante
O gaudério passou por mim
Tchê, onde encontrastes este diamante?

No CTG eu a levei
Para comer um baita churrasco
Com o patrão eu me dei bem
Porque dei uma cuia como regalo

O bochincho estava para lá de bom
Tinha até bergamota e cacetinho
Meio acanhada a guria perguntou
Mas cadê o branquinho e o negrinho?

Na falta, no meu bagual montei
Para no bolicho comprar
Só que no meio do percurso notei
Que ele estava a renguear

Na buenacha eu estava
Acabei nem me importando
Mas ali perto uma china chorava
Por conta de um brigadiano

Minuanos depois do inverno
Fatiota eu vesti
Trovei e rezei para o Patrão-velho
Pedindo que tudo ficasse tri

Nove luas depois
Bombacha nova tive de comprar
O tamanho era número dois
Para o guri que acabara de chegar

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